De angústia e felicidade


Passei a tarde em casa escrevendo sobre felicidade. Gosto desses momentos de reflexão e nesse trabalho de pesquisa sempre descubro coisas que levam a pensar. Escrever sobre isso, com os filhos em casa, gerenciando o tempo… Isso é para mim sinônimo de felicidade.

Ultimamente, tenho refletido muito sobre escolhas. E quanto mais possibilidade temos, mais angústia vem acompanhando. Nos supermercados, por exemplo, existem 15 tipos diferentes de papel higiênico. Quem precisa tanto… E o que dizer da internet? Há tanto site novo, tanta coisa nova, que cada vez que descubro uma novidade, sinto um misto de felicidade e angústia. Mais alguma coisa para acompanhar. Feeds, blogs novos de amigos, gente que dá vontade de ver o que estão fazendo, escrevendo, twitter, newsletters. Tento acompanhar umas 15 newsletters (NYTimes, Economist, Doors of Perception, Coletiva.Net, TreeHugger, 800Ceo etc., CyberCook etc.). Agora tem um monte de gente bacana para acompanhar no Twitter (amigos, David Pogue, Freakonomics). Blogs são vários (da minha esposa e todos os que estão listados aí no Blogroll. Têm também os blogs que estão no iGoogle (Wells Fargo, Slate, Freakonomics e mais um monte). Tem aqueles que eu gostaria de acompanhar, mas já desisti.

Durante a semana, vou selecionando mensagens para ler no final de semana. Aí, chega no sábado e domingo e estou com 50 e-mails para ler… Às vezes consigo dar conta, outras vezes, não. Mais coisas do trabalho, que deixo para o final de semana. Dois jornais para ler. Mais revistas: Piauí, National Geographic, Surfer’s Journal, Exame, Veja, Época, Época Negócios etc.

E os livros… Na minha pilha tenho Presença (Peter Senge), Capital da Solidão (Roberto Pompeu de Toledo), Trégua, Rio das Flores (Miguel Sousa Tavares), O Traidor (Jimmy Breslin), Entre Nós (Philip Roth), Na Companhia dos Soldados (Rick Atkinson) e a lista segue… Por enquanto, estou feliz de ler Fôlego, de Tim Winton.

E isso me leva à outra angústia: escrever. Tenho a ideia de escrever um romance. E já comecei, ainda que esteja muito no início. Mas falta tempo… (De concreto, coloquei esse projeto de lado, por enquanto.)

Além disso, tenho já outro projeto de livro em andamento (o segundo). Estou fazendo com colegas e já entrevistamos mais de 10 pessoas. Ainda faltam umas 10 e não conseguimos tempo para entrevistar. E isso gera angústia.

Importantíssimo: não abro mão do tempo da família. De ver seriados com minha esposa à noite (Lost é nosso preferido, mas 24 horas é a do momento), de ler historinhas para o Augusto e de fazer macaquices para o Vicente rir. De ir no clube no final de semana. E de tentar arranjar um tempo só para mim e para minha esposa.

Também há de se achar tempo para falar com os amigos por telefone que seja. Por e-mail também, para não perder o contato com a turma de Porto Alegre. Principalmente a família. Tenho vontade de falar mais com eles, mas como moram longe, nem sempre dá. Espero que estejam contentes com a intensidade de contatos que conseguimos manter à distância, já que todos vivemos longe um do outro — um em cada cidade.

Por e-mail, são muitas mensagens pessoais. Gosto muito de receber e de responder. E muitas geram almoços. Excelentes… para falar da vida, que tento conciliar com almoços em casa.

Ufa… acho que cansei. Mas acabo de lembrar que há de se achar mais tempo ainda para surfar, jogar futebol e nadar. Faria outros esportes, mas também cabe…

E não vou falar do trabalho. Gosto do que faço e gostaria de fazer mais, muito mais. Ideias, projetos, disposição. E falta tempo…

A angústia persiste. Dia desses, encontrei o livro Stumbling on Happiness, do psicólogo Daniel Gilbert, professor de Harvard. O título quer dizer algo como “Caindo de feliz”. Fala sobre o processo de criação da felicidade. Nesse livro, Gilbert explica como o cérebro humano imagina o futuro e daí toma suas decisões baseado em quanto achar que será mais ou menos feliz com suas escolhas. E a boa notícia é que mesmo escolhas consideradas terríveis no momento em que são tomadas, no futuro tendem a parecer um ‘acidente feliz’ quando vistas em perspectiva. Ou seja, a velha máxima de ‘seja feliz’ com suas escolhas. Caramba, isso é muito importante para lidar com tantas possibilidades…

E uma frase sobre inúmeras possibilidades vs capacidade de fazer: “O desejo é o inimigo do sossego”, Epicuro.

A FICHA CAIU: Às vezes, essa rotina cansa. E aí, saio de férias. Para sair com a família, ver a família, surfar, ler. Acho que a roda não para. Que bom. No final das contas, é bom sentir essa angústia. Porque significa que há muita coisa legal de se fazer nessa vida.

3 Comentários

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3 Respostas para “De angústia e felicidade

  1. Ju De Mari

    Mi amor, o lance é tentar não sofrer com o que não foi feito, não foi lido, não foi dito. Aprender a ser feliz com o agora. Difícil, eu sei, mas tão necessário. Bjos, Ju

  2. Mari

    mmmm… esse post me deu uma vontaaaaade de ouvir bob marley e esquecer tudo o que eu “tenho” que fazer, hehe… amei seu bloguito. bjs

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