Empresa 2.0 é um caminho sem volta


Começou hoje a Enterprise 2.0 Conference, em San Francisco (EUA).  (Para quem quiser acompanhar no Twitter @rodrigocvc, a hashtag é #e2conf). Trata-se de um encontro sobre a chamada Empresa 2.0, já na 4ª edição, em que os painelistas apresentam e discutem com a plateia o que de melhor está acontecendo nesse mundo. O conceito ainda é novo, surgiu com um paper de Andrew McAfee, professor de Harvard, chamado “Enterprise 2.0: The dawn of emergent collaboration”. Nele, McAfee mostra que as empresas estão tentando entender as grandes mudanças que estão acontecendo. A principal delas, mais evidente, é que a maneira de fazer negócios está passando do controle das instituições para o controle dos consumidores. Esse conceito foi o tema central do workshop de Dion Henchcliffe, da Henchcliffe & Co, um dos pioneiros no estudo e na implementação dessas ferramentas. O ambiente que possibilitou o surgimento dessa prática de negócios é formado pelos seguintes itens:

  • Crescente criação de valor por parte das redes;
  • Controle cada vez menor dos executivos sobre seus próprios negócios;
  • Mudanças nos conceitos de propriedade intelectual impactando as formas de fazer negócios;
  • Aumento na transparência e abertura dos negócios;
  • Revisão na atuação das cadeias de fornecedores em relação ao negócio, dos processos de criação baseados em comunidades e nos próprios relacionamentos.

São mudanças dramáticas que impactam profundamente na maneira de fazer negócios. Selecionei abaixo algumas questões/reflexões que dão pano para manga e servem para levantar os principais desafios de implementação.

  1. Como garantir que todos estejam a bordo?
  2. O custo real é o do tempo das pessoas. Às vezes, o custo para implementar em software pode ser baixo ou mesmo zero se for um programa aberto.
  3. A maior dificuldade é a mudança cultural. É um problema de pessoas, e não tecnológico. Um dos tweets sobre a conferência foi preciso: “É uma questão de sociologia, e não de tecnologia.”
  4. A rede é o grande lugar para se estar hoje. É onde estão os consumidores, competidores, colaboradores, idéias e inovação. Em contrapartida, existem poucas estratégias de sucesso comprovadas. Ou seja, é o lugar ideal para inovação, experimentação que trará frutos positivos para os pioneiros. 
  5. O conceito de Empresa 2.0 precisa se adaptar ao ambiente e não o contrário.

Ao final Hinchcliffe apresentou um checklist, baseado na experiência dele, com premissas para implementar estratégias bem-sucedidas de Empresa 2.0. Ele chamou de F.L.A.T.N.E.S.S.E.S., que explico a seguir:

Freeform (Forma livre) – são necessários softwares facilmente adaptáveis para uso das empresas, apoiados no conceito de Open Source (código aberto, como Linux e Open Office, similar ao Microsoft Office), totalmente reprogramáveis.

Links – é preciso conectar as pessoas e o dar sentido, possibilidades e associações ao conteúdo para alavancar o potencial da informação.

Authorship (Autoria)– é preciso dar acesso total a todos os colaboradores para que façam parte do jogo

Tagging (Classificação) – considerado menor por alguns, o conceito de classificação ajuda a organizar o conteúdo, expandindo as possibilidades e facilitando o acesso ao conteúdo.

Network oriented (orientado para redes) – utilização de pequenos módulos baseados na rede, reusáveis e facilmente conectáveis

Extensions – uso de extensões para ampliar o alcance do conhecimento, identificando padrões e atividades dos usuários

Search – tratar de forma séria a busca para ampliar as possibilidade de descoberta e reuso da informações, aumentando as possibilidades de retorno do investimento

Social – proporcionar um ambiente não-hierárquico e transparente

Emergence (emergência) – estar atento ao ambiente altamente dinâmico e sujeito a adaptações constantes de rota

Signals – o conteúdo precisa chegar para as pessoas de forma estruturada, como notificações por e-mails, lista de atividades no site, páginas customizáveis etc.

Esse é o contexto, o que se aprendeu até agora. Como pano de fundo, ficou uma grande questão ainda não foi resolvida: qual o retorno sobre o investimento (ROI)? Segundo Hinchcliffe, os custos desses projetos tendem a ser menores que os ‘esforços clássicos de TI”. A lógica para justificar a adoção dos conceitos de Empresa 2.0 é a seguinte: se o investimento é baixo, o retorno é mais fácil de ser atingido. A grande pergunta é: como conseguir esse retorno?

Acho que esse, depois do desafio de implementar e garantir que a comunidade permaneça ativa é  o maior que teremos pela frente. A certeza que fiquei depois desse workshop é que esse é um caminho sem volta. Mais sobre isso nos próximos dias.

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