E a lógica portuguesa continua igual!


Lisboa, abril, 2010, upload feito originalmente por Rodrigo VdaC.

Uma semana de férias igual a 15 dias sem atualizar o blog. Passei com minha esposa uma semana em Portugal, apesar de que os planos iniciais fossem Paris e Londres. Mas aí vieram as cinzas do vulcão e sobre isso escrevi no post anterior. O Douglas comentou aqui que não fomos para a Europa, mas estivemos perto!

Brincadeiras à parte, deu gosto passar em Portugal, sete anos depois da última vez. Lisboa e Porto são cidades encantadoras. Extremamente bem cuidadas. E as estradas que ligam ambas cidades são excelentes. Assim como os lugares pelos quais passamos indo de uma cidade a outra: Peniche, Óbidos, Alcobaça, Fátima, Coimbra e Matosinhos (onde até consegui surfar!).

 Os portugueses, como numa canção de fado, gostam de lamentar a morte do Escudo, mas talvez não consigam perceber com exatidão o bem que o Euro lhes fez. Portugal agora é primeiro mundo. Só não mudou a lógica portuguesa!

Na bonita cidade de Aveiro, berço dos famosos oves moles (uma espécie de gemada encoberta por massa de óstia, como nos explicou um guia), perguntamos onde ficava um restaurante indicado no livro-guia de Portugal. Após a explicação, perguntei se era melhor ir de carro ou a pé. A resposta:

— Ora, pois. Se há gente que vai a pé de Porto a Fátima (mais ou menos 200 km de distância), cada um escolhe se é melhor a pé ou de carro. O que eu poderia dizer-lhe? Bom, posso e falar que a distância é de 1 quilômetro, mais ou menos. Agora, se é melhor ir a pé ou de carro, o senhor é quem sabe.

Elementar, meu caro brasileiro…

11 Comentários

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11 Respostas para “E a lógica portuguesa continua igual!

  1. Deise Cerqueira

    Adorei o post…senti saudades da terrinha…
    Resposta tipicamente lusitana mesmo…
    Lembro-lhe que Cerqueira não está no meu nome por acaso.
    Super beijo e saudades

  2. Douglas

    Olha outra de portuga.
    Estava lá em Lisboa a trabalho por 3 semanas e usava taxai ( o mesmo) todos os dias. Um belo dia, me esqueci de pedir o recibo. Na manhã seguinte, disse: S. Joaquim, ontem me esqueci de pedir o recibo, o Sr. pode emitir um para mim com data de ontem? e a pérola da resposta:
    _ Se fosse ontem, sim, eu “puderia”. Mas como hoje não é ontem (sic), não, não o posso…

    • Muito boa, Douglas! Essa lógica é incrível. De outra feita, estávamos em um quarto com camas separadas. Liguei para a recepção e perguntei se não tinha um quarto com cama de casal. A resposta: “Estás a ver um criado mudo entre as camas? Pois, arraste-o, junte as camas e terás um quarto de casal.” Mais uma vez, fiquei sem resposta…

  3. Meus caros,

    O problema não está na lógica dos portugueses, mas na prolixidade dos brasileiros. Se tiverem o cuidado de analisar as respostas de outros povos europeus e até americanos (e provavelmente não o fazem por não ter intimidade com a língua a ponto de perceber suas particularidades) perceberiam que esse tipo de lógica linera é característicos de alemães, franceses, ingleses, americanos e outros. O Brasileiro, na sua ânsia de ser simpático e prestativo (o que em si não é um defeito, mas uma qualidade) é que costuma ir além do que lhe é perguntado e confunde isso com inteligência. A construção do raciocínio, que determina a lógica, nada tem a ver com inteligência, pois está mais ligada à cultura dos povos. Antes de criticar os portugueses e suas respostas de lógica inquestionável, lembrem-se, quando para lá viajarem, que estão indo para um país estrangeiro, onde não só se fala outra língua, mas também se tem outra cultura, outros hábitos e outros costumes. Por fim, não levem tão a sério essas respostas, pois algumas delas fazem parte de outra característica intrínseca dos portugueses: a ironia e o bom humor disfarçados de cartesianismo e mau humor, comportamento que, em si mesmo, é irônico e normalmente fruto de inteligência refinada, construída ao longo de quase dois milênios de história. Ora, pois!

  4. Pingback: O melhor de 2010 | A Ficha Caiu

  5. Henrique

    Excelente post! Estive recentemente em Lisboa e no Porto para visitar um irmão que lá trabalha e gostei muito das duas. São cidades agradáveis, bonitas e com um povo extremamente acolhedor, apaixonado por nossa cultura e muito prestativo, apesar da grande crise porque passa o país. Só não posso concordar com o que disse o Rui aí de cima sobre a ironia dos portugueses. Se há uma coisa que os naturais da terrinha não entendem direito é ironia! Sempre que eu fazia algum comentário deste gênero com amigos portugueses do meu irmão (tenho o hábito de fazer isso, feliz ou infelizmente) era visível a incapacidade deles em entender se aquilo era mesmo “a sério” (como eles dizem). Portugal é a terra da literalidade. Nesse sentido são o oposto dos ingleses, que fazem ironias a todo momento. Eles são tão frontais e incapazes de perceber certos detalhes (claro que isso pode ser também cultural) que às vezes eu me sentia um pouco como um E.T. falando com eles. Notei isso mais na cidade do Porto do que em Lisboa, por alguma razão. Aliás, os portuenses (tripeiros, como eles se autodenominam) são o povo mais simpático de toda a Europa.

    Um abraço e mais uma vez parabéns (e também pela bela foto!)

    • Oi, Henrique, engraçada esta polêmica. O problema é que ao falar de cultura, sempre temos o nosso olhar, que nem sempre é o mesmo de outro povo.
      O melhor de tudo é exercer a tolerância é tentar entender. Até para não se truncar nas conversas!
      Concordo com vc, o povo de Porto é super simpático. Gosto mais do Porto do que de Lisboa. E Portugal está melhor do que nunca!
      Abraço
      Rodrigo

  6. Eliza

    Não há quem não conheça Portugal que não volte encantado. A tal lógica
    portuguesa torna as respostas engraçadas.No hotel me dirigi à recepcionista: Por favor, eu queria telefonar.
    Respondeu: E não telefonas porque?
    Na rua: é aqui que eu “pego” o bonde para a Alfama?
    Respostas:Pegar, podes pegar em qualquer lugar, mas aqui tomas o bonde para Alfama, sim senhora.
    No bar: O senhor tem pastel de nata?
    Resposta: Eu não senhora, mas a Casa taim, sim senhora.
    Mais de 10 minutos depois, o atendente andava pra lá e pra cá e nada de pastel.
    -Por favor, quando o senhor vai poder me atender?
    – O que desejas?
    – Quero dois pastéís de Nata.
    – Esse serviço é lá no outro balcão.
    – E porque o senhor não disse nada. Estamos aqui há um “tempão”!
    – Ora, porque não mo dissestes o que queria!

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