Arquivo do dia: novembro 10, 2008

Domingo de futebol

Ontem peguei o boné, o óculos de sol, passei um Sundown, coloquei um tênis velho no pé, uma bermuda larga e uma camiseta cinza e fui camuflado ao Palestra Itália assistir Grêmio x Palmeiras.

Na chegada, um pouco de apreensão com os palmeirenses rodando a entrada da torcida do Grêmio. Nada demais.

A bola já estava rolando quando entrei. Um gramado para lá de verde. O estádio cheio de vaga-lumes no sol. A camisa nova do Palmeiras é um verde-fosforescente de gosto duvidoso. Quase da cor da camisa do juiz, que foi obrigado a vestir uma camisa cor-de-romã.

No primeiro tempo, um susto com a bola na trave na cabeçada do Alex Mineiro. Depois, boa jogada do Tcheco, que lançou Reinaldo, que passou para Marcel. De frente para o gol… para fora. Burro! Teve ainda um chute do Souza e outro do Reinaldo. E poucas jogadas do Palmeiras. O Grêmio estava com sorte. As bolas divididas estavam sobrando para nós.

No meio da torcida, um gringo e uma gringa. Ele do Canadá, ela da Sérvia-Montenegro. Ambos em roupas estranhas para o estádio. Ele vestia óculos de grife e camisa agarradinha combinando com jeans surrado. Ela vestia um óculos moscão, um chapéu meio-panamá estiloso. Cairia bem no Jóquei. Tiraram várias fotos com a bandeira do Grêmio e tenho certeza que saíram gremistas.

Ao meu lado, um pai e um filho gaúchos que vieram para o Salão do Automóvel e aproveitaram para ver o Grêmio.  Uma paixão que não se explica.

Segundo tempo. O Grêmio continua melhor. A zaga reserva, com jogador de 18 anos estreando, é perfeita. Denílson, o jogador-enganação, é substituído. Diego Souza, que jogou muito no Grêmo em 2008, se lesionou e por sorte não jogou ontem. 27 do segundo. A falta é cobrada para Tcheco. Ele dá dois passos e joga a bola na área. Ninguém toca. Ela quica, e morre no fundo do gol de Marcos. Goooooooooooooooooooooool!!! Dois caras que nunca vi antes me abraçam. Só mesmo em estádio de futebol.

Alguns sustos nos minutos finais, mas nada demais. A torcida vaga-lume se cala. A tricolor vibra como nunca.

Fim de jogo. O time do Grêmio vem correndo para agradecer a torcida, renovando a febre tricolor. É o que explica a vontade de gritar pelo time por 90 minutos.

Na saída, passo firme, sem olhar para o lado. Afinal, melhor não ser reconhecido como adversário em dia de derrota em casa… Tudo tranqüilo.

Agora, só dois pontos de distância do São Paulo. Domingo que vem tem mais.

Na volta, em casa, Gutão fica feliz da vida com o resultado. E pergunta: O Inter teve azar hoje, papai? Não, mas quem se importa com isso hoje? 

Que domingo!

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Lista de tarefas

Pega a chupeta do Vico?

Arruma o berço que quebrou?

Dá o remédio para o Gutão?

Pega água para mim?

Já ligou lá não sei onde para ver o Insulfilme?

Essa síndica é uma louca, que pinta a porta do elevador com uma tinta que me dá dor-de-cabeça.  Briga com ela?

E segue a lista…

Cansa essa vida de ser marido e pai! Por isso que tem gente que fala na 2a feira que está tirando férias de casa, que vai poder descansar. A esses eu digo o seguinte: vocês é que não sabem aproveitar!

Ou preferem responder e-mails a trocar fralda e assistir o Ben 10 na televisão enquanto a mamãe descansa da última mamada? E-mails, tô fora!

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Novo capitalismo?

Quando o Saramago escreve isso no blog dele, há que se ter atenção!

http://caderno.josesaramago.org/2008/10/28/novo-capitalismo/
Para que continue a reflexão, o Manifesto abre por mais um dia o Caderno.
Há uns dias atrás, várias pessoas de diversos países e diferentes posições políticas, subscrevemos o texto que reproduzo abaixo. É uma chamada de atenção, um protesto, a expressão do alarme que sentimos diante da crise e das possíveis saídas que se afiguram. Não podemos ser cúmplices.
“Novo capitalismo?”
Chegou o momento da mudança à escala pública e individual. Chegou o momento da justiça.
A crise financeira aí está de novo destroçando as nossas economias, desferindo duros golpes nas nossas vidas. Na última década, os seus abanões têm sido cada vez mais frequente e dramáticos. Ásia Oriental, Argentina, Turquia, Brasil, Rússia, a hecatombe da Nova Economia, provam que não se trata de acidentes conjunturais fortuitos que acontecem na superfície da vida económica mas que estão inscritos no próprio coração do sistema.
Essas rupturas, que acabaram produzindo uma contracção funesta da vida económica actual, com o argumento do desemprego e da generalização da desigualdade, assinalam a quebra do capitalismo financeiro e significam o definitivo ancilosamento da ordem económica mundial em que vivemos. Há, pois, que transformá-lo radicalmente.
Na entrevista com o presidente Bush, Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, declarou que a presente crise deve conduzir a uma “nova ordem económica mundial”, o que é aceitável, se esta nova ordem se orientar pelos princípios democráticos – que nunca deveriam ter sido abandonados – da justiça, liberdade, igualdade e solidariedade.
As “leis do mercado” conduziram a uma situação caótica que levou a um “resgate” de milhares de milhões de dólares, de tal modo que, como se referiu acertadamente, “se privatizaram os ganhos e se nacionalizaram as perdas”. Encontraram ajuda para os culpados e não para as vítimas. Esta é uma ocasião única para redefinir o sistema económico mundial a favor da justiça social.
Não havia dinheiro para os fundos de combate à SIDA, nem de apoio para a alimentação no mundo… e afinal, num autêntico turbilhão financeiro, acontece que havia fundos para que não se arruinassem aqueles mesmos que, favorecendo excessivamente as bolhas informáticas e imobiliárias, arruinaram o edifício económico mundial da “globalização”.
Por isto é totalmente errado que o Presidente Sarkozy tenha falado sobre a realização de todos estes esforços a cargo dos contribuintes “para um novo capitalismo”!… e que o Presidente Bush, como dele seria de esperar, tenha concordado que deve salvaguardar-se “a liberdade de mercado” (sem que desapareçam os subsídios agrícolas!)…
Não: agora devemos ser resgatados, os cidadãos, favorecendo com rapidez e valentia a transição de uma economia de guerra para uma economia de desenvolvimento global, em que essa vergonha colectiva do investimento de três mil milhões de dólares por dia em armas, ao mesmo tempo que morrem de fome mais de 60 mil pessoas, seja superada. Uma economia de desenvolvimento que elimine a abusiva exploração dos recursos naturais que tem lugar na actualidade (petróleo, gás, minerais, carvão) e que faça com que se apliquem normas vigiadas por uma Nações Unidas refundadas – que envolvam o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial “para a reconstrução e desenvolvimento” e a Organização Mundial de Comércio, que não seja um clube privado de nações, mas sim uma instituição da ONU – que disponham dos meios pessoais, humanos e técnicos necessários para exercer a sua autoridade jurídica e ética de forma eficaz.
Investimento nas energias renováveis, na produção de alimentos (agricultura e aquicultura), na obtenção e condução de água, na saúde, educação, habitação… para que a “nova ordem económica” seja, por fim, democrática e beneficie as pessoas. O engano da globalização e da economia de mercado deve terminar! A sociedade civil já não será um espectador resignado e, se necessário for, utilizará todo o poder de cidadania que hoje, com as modernas tecnologias de comunicação, possui.
Novo capitalismo? Não!
Chegou o momento da mudança à escala pública e individual. Chegou o momento da justiça.
Federico Mayor Zaragoza
Francisco Altemir
José Saramago
Roberto Savio
Mário Soares
José Vidal Beneyto

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