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A Fifa e a transparência

A Copa do Mundo colocou em evidência o tema transparência, mais uma vez. Graças ao lance do gol inglês contra a Alemanha, não anotado – grosseiramente – pelo juiz uruguaio Jorge Larrionda, voltou a ser discutida a necessidade de se ter recursos tecnológicos para ajudar na correta avaliação das jogadas polêmicas.

Com o avanço das televisões HD – onde a maquiagem cada vez menos esconde a verdade e as imperfeições aparentes -, fica difícil ‘escamotear’. Que o diga Felipe Melo ao tentar dizer que nem foi tão desleal ao pisar no holandês Robben com a nítida intenção de machucar. Todo mundo viu, não adianta esconder.

É isso que a Fifa está tentando fazer – esconder – ao querer proibir o replay. Isso não é mais possível ou aceitável no mundo em que vivemos, em que a velocidade não permite mais que a verdade seja travestida de desinformação. Este mundo acabou e quanto mais instituições tentarem esconder isso, tanto pior.

Só há o que perder.

O texto abaixo, de Alexandre Barros, publicado no Estadão, vale a pena para entender melhor isso.

A censura, agora da Fifa

Alexandre Barros – O Estado de S.Paulo

Organizações gostam de ver divulgadas ideias com as quais concordam. A censura, além de repugnante, é perigosa para quem tem o poder. Quando os poderosos não sabem o que as pessoas pensam, um dia acabam derrubados do conforto do poder.

Um consultor de empresas, quando convidado a prestar algum serviço, ouvia o que os dirigentes tinham a dizer, suas preocupações e suas ideias de soluções. Logo depois fazia sua proposta e assinava o contrato. A primeira coisa que pedia aos clientes era que o deixassem visitar os banheiros usados pelos funcionários. Sempre escalavam um ou dois assessores para acompanhá-lo. Ele recusava. Fazia questão de ir sozinho. Câmera na mão, fotografava tudo o que via escrito nas paredes. Na visita seguinte já sabia os problemas da firma. Tinha uma vantagem sobre pesquisas em que perguntavam a funcionários o que achavam da empresa. Via nas paredes um retrato realista da companhia, dito com toda a franqueza. As paredes dos banheiros não tinham censura.

Agora a Federação Internacional de Futebol (Fifa) quer proibir a “visita aos banheiros”.

Na Fifa, a censura quer, primeiro, preservar o emprego de juízes e bandeirinhas (e tudo o que vem de bom com esses empregos). Segundo, tentar provar que a tecnologia não é tão boa quanto o olho humano.

A tauromaquia é um caso dramático de como a tecnologia mudou sua visão. Quase nada mudou nas touradas ao longo dos séculos. Só que agora há a tecnologia de câmeras e lentes, não disponível no passado. Sem falar que cinema e televisão antigamente eram em preto e branco. Quem assistia à fiesta brava por estes meios ou na arena sem excelentes binóculos (que eram muito caros) não percebia o que realmente acontecia. Todos esperavam o final, quando a espada deslizava com aparente suavidade para dentro do touro, matando-o depois de uma luta desigual.

Os bandarilheiros espetavam aqueles bastões floridos na nuca do touro e eram vistos como elegantes bailarinos em roupas de lantejoulas faiscantes. O picador, montado num cavalo, com uma lança dava uns toques também na nuca do touro. E eram admirados e aplaudidos por espectadores delirantes. Chamava-me a atenção que o cavalo do picador estava sempre com os olhos vendados. É claro, o cavalo não era bobo e a única forma que os humanos tinham de fazê-lo enfrentar o touro em quase igualdade de condições era censurando a sua vista.

Entram em cena a TV e os progressos da ótica. Tente assistir a uma tourada no seu televisor LCD ou LED, comprado com redução de impostos. O que você vai ver é uma cena inimaginável quando esses recursos não existiam. O picador enfia a lança e gira-a, estropiando os músculos do pescoço do touro de uma maneira e com uma dedicação raramente vistas na maldade humana. Depois os bandarilheiros “confirmam” os ferimentos espetando as bandarilhas, que danificam mais o pescoço do animal a cada movimento que ele faz.

Ainda não ouvi falar de proibir transmissões de touradas pela TV, mormente nos países onde elas são praticadas. Acho que a malta gosta da maldade. A probabilidade de o touro ganhar é de menos de 1%, mas existe. Recentemente um toureiro mexicano, depois de espetado por touros em duas corridas, fez o que lhe mandou o bom senso: fugiu, pulou a cerca e disse que, com ele, touradas, nunca mais.

O futebol está enfrentando problema parecido. Esta é a primeira Copa do Mundo com TV digital, em alta definição, disponível praticamente no mundo inteiro. Agora os fãs veem os horrores que, outrora, juízes e bandeirinhas ignoravam ou deixavam passar, fosse por falta de visão, comodidade ou incompetência. Nenhum daqueles milhares de fãs no estádio ou na TV ia perceber mesmo, então, passava qualquer coisa.

Fiat lux! O lance acontece, você vê em casa com todos os detalhes: a falta, a bola que cruza instantaneamente a lateral e volta, o impedimento, os tombos, os massacres. Em suma, tudo aquilo que, sem a tecnologia, os juízes podiam deixar passar e ninguém notava. E mais, a tecnologia repete em segundos a jogada suja, incompetente ou ilegal. O árbitro é julgado democraticamente por milhões de telespectadores ao redor do planeta. Fica clara a sua incompetência ou a sua parcialidade.

A solução da Fifa é fantástica e aparentemente confortável: censura. Proíba-se mostrar replay de cenas duvidosas. A organização protege-se e protege seus árbitros escondendo a verdade.

Nada de novo, só que, sempre que alguma instituição tentou escamotear seus erros ou atrasar mudanças trazidas pela tecnologia, por meio da censura, a tecnologia ganhou. A humanidade acabou mais feliz, mais gratificada e melhorou seu nível de conforto e prazer. (Antes que alguém reclame, isso não se aplica ao desenvolvimento de armas cada vez mais mortíferas.)

A solução da Fifa de tentar esconder a verdade de milhões de fãs também não dará certo. A médio ou a longo prazo, a tecnologia ganhará. Daqui a pouco teremos árbitros eletrônicos muito mais severos e precisos do que os humanos. É nessa direção e com uma velocidade cada vez maior que caminham a tecnologia e a humanidade. O erro, a crueldade, a incompetência ficam a cada dia mais evidentes e intoleráveis. Censurá-los só adia o problema e preserva a estrutura arcaica da Fifa um pouco mais.

Árbitros eletrônicos ganharão dos humanos. Aceitar isso só traz a verdade mais cedo. Como caem as ditaduras políticas, cairão as esportivas. A tecnologia reduz dia a dia o espaço disponível para os totalitarismos ? políticos, econômicos e esportivos.

A Fifa está sendo reprovada no teste básico do liberalismo: admitir que alguém diga a verdade que mais o detentor do poder odeia que seja divulgada. Outras pessoas, organizações, governos e religiões aprenderam que, no fim, a tecnologia mata o totalitarismo.

CIENTISTA POLÍTICO, É DIRETOR-GERENTE DA EARLY WARNING: OPORTUNIDADE E RISCO POLÍTICO (BRASÍLIA). E-MAIL: ALEX@EAW.COM.BR

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Perder é diferente de entregar

Estou me divertindo com a polêmica do Brasileirão. Sobre se o Grêmio entrega ou não o jogo para o Flamengo.

Ora, colorados, que passaram a exaltar o Grêmio, é ingenuidade mesmo achar que por causa de palavras bonitas o Grêmio vai se esforçar para ganhar do Flamengo.

A questão é quase lógica, binária. O Grêmio está no pelotão do meio do campeonato. Não tem chance de vaga de Libertadores e não tem possibilidade de cair para a 2ª divisão. Ou seja, nada a fazer.

O Flamengo é candidato ao título. Só depende dele para ser campeão. Uma simples vitória e o Mengão é hexa.

Dito isso, a pergunta é: quem vai se esforçar para ganhar o jogo? Quem tem motivação para ganhar, jogando em um estádio lotado, com sede de título? E mais, contra um adversário que fez uma ridícula campanha fora de casa no campeonato inteiro, ganhando apenas de um time, o Náutico?

O campeonato já está decidido.

E o Grêmio não vai precisar entregar nada. Só vai perder o jogo. Pela lógica.

É engraçado ver os colorados apelando para o Grêmio, como se toda a responsabilidade pelo título estivesse no rival. São 38 rodadas de campeonato. A responsabilidade de o Inter estar 2 pontos atrás do Flamengo é toda colorada. Eu, se fosse jogador colorado, me preocuparia com o Santo André e não com o Grêmio. Seria lindo ver o Grêmio ganhar do Flamengo e o Inter perder do Santo André. A primeira hipótese é bem improvável pela lógica já descrita acima. A segunda eu não descartaria.

Segue abaixo um e-mail de um colorado desesperado pedindo para o Grêmio fazer o que eles não fizeram no ano passado contra o São Paulo, e perderam para o Grêmio perder a liderança.

Logo em seguida, vem a resposta de um gremista amigo meu.

É ou não é divertido?

— Email do colorado sobre o que teria sido o jogo mais importante da história do Grêmio (esse já aconteceu, foi em 1983, contra o Hamburgo, quando fomos campeões mundiais).

O Jogo Mais Importante da História do Grêmio

“Domingo, dia 06 de dezembro de 2009, o centenário Grêmio Futebol Portoalegrense joga o jogo mais importante de sua história. No próximo domingo o tricolor gaúcho não defenderá apenas seu azul, preto e branco. Neste dia, o Grêmio terá a honra de ser o Rio Grande na sua plenitude e terá a difícil tarefa de provar que existe um Brasil sério, comprometido com princípios éticos mais elevados, pelos quais há anos todos brasileiros clamam.

Todos sabem da dificuldade do jogo contra o Flamengo, que vai ter um Maracanã completo ao seu lado torcendo. A derrota do time azul é previsível. Sendo derrotado o Grêmio, sagra-se campeão o Flamengo. Acontece o lógico. Como conseqüência, o Grêmio evita o campeonato colorado. Por uma, duas semanas, o assunto tomará conta da província. Mas logo a polêmica se abrandará e vida voltará a normalidade. Entretanto, como uma brasa que jamais se apagará, sempre ficará a dúvida se o Grêmio se fez vítima para prejudicar seu arqui-rival. Essa dúvida será sempre uma mancha na história de honradez gremista e servirá sempre de centelha para fomentar debates vis e mesquinhos.

Mas e se o Grêmio evitar a vitória do Flamengo? Quem será o tricolor gaúcho depois disso? Quem será o Rio Grande? Que exemplo ficará para o Brasil?

Caso o Grêmio evite a vitoria flamenguista, o tricolor gaúcho será de vez eternizado. Viverá para sempre na memória, na estrela da camisa, na sala de troféus colorada. Obterá o respeito digno e absoluto que todo arqui-rival merece e que somente o Internacional o poderá dar. Para sempre o Inter reverenciará o Grêmio como mais honrado e leal oponentes.

Um saldo positivo gremista no Rio de Janeiro no próximo domingo será a expressão máxima da virtude gaúcha. Aquela que significa a força moral, a pré-disposição firme e habitual para prática do bem do povo gaúcho, e que por isso é cantada com máximo de orgulho e fervor em todos o rincões deste planeta quando entoam sempre alto e em bom som: “povo que não tem virtude, acaba por ser escravo”. O Grêmio domingo defende o hino, defende a liberdade rio-grandense!

Uma vitória ou até mesmo um empate do Grêmio domingo demonstrará ao Brasil que há neste País gente séria. Gente comprometida com valores mais altos que simples interesses pessoais. Uma vitória gremista significa o repúdio ao político que não conclui os projetos do seu adversário; que emprega seu filho quando tinha que fazer concurso público; que deixa de comprar merenda escolar para fazer viagem pro exterior; que muda a lei apenas para se beneficiar.

Dar esse exemplo de retidão, hombridade por meio do futebol é comunicar diretamente ao povo. É dar o recado da forma mais clara, é direitamente avisar que a Justiça e a honestidade ainda existem e são exercitadas aqui no Sul deste nosso País.

Que difícil a tarefa gremista, que tem colocado em jogo, sob sua responsabilidade: a sua honra, a virtude gaúcha e a esperança brasileira.

Domingo é o jogo mais difícil da história gremista.

Mas como diz o ditado: “Deus jamais dá o fardo mais pesado do que possa carregar”.”

— Resposta do Gremista:

“Nunca vi tamanho desperdício da língua portuguesa! Quem quer que tenha escrito isto, ou endossado, não demonstra a seriedade que exige do Grêmio. Parece um discurso do Pedro Simon: pretensamente rebuscado, recorrendo seguidamente a moral e a ética, mas sem efeito pratico. Tibieza e atribuir a possível perda do campeonato a uma derrota do Grêmio para o líder jogando como mandante… Ou não? O que aconteceu na vida do Inter nas outras 37 rodadas também e de responsabilidade do Grêmio?

O titulo do email (Programação do Grêmio para o próximo jogo) contradiz o hino e a pregação vermelha. No domingo o Grêmio defendera a liberdade, a sua liberdade: não se deixara intimidar, não se deixara influenciar pelos que maltratam a lógica e fazem péssimo uso do hino.

Viva o Santo Andre!”

Se for pouco, segue também o blog de outro amigo meu, o Adriano Silva, que escreve bem pacas, mas torce para o time errado.


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Quando o líder falha – a briga dos jogadores do Palmeiras

O imponderável é o que há de mais incrível nos esportes, particularmente no futebol. Ontem, no jogo do Grêmio x Palmeiras aconteceu uma cena raríssima, dessas que deixam todos com a boca aberta, tentando entender o que aconteceu.

Aos 46 minutos do primeiro tempo, já nos descontos, o guerreiro argentino Máxi Lopez, livre na área, recebeu, virou e chutou. Marcos defendeu e sobrou para Marques, que empurrou para o gol. Até aí, tudo bem. O incrível veio depois, quando os jogadores do Palmeiras começaram a brigar. O ‘craque’ Obina foi tirar satisfação de Maurício, que deveria ter marcado Lopez. Claro que ele não gostou, mas a reação foi tentar acertar o Obina. Obina se esquivou e encheu a mão na cara do sujeito. Ai, veio a turma do deixa disso. Mas já era tarde demais. O juiz tinha visto e mandou os caras para a rua quando o jogo recomeçou.

O Palmeiras liderou o campeonato brasileiro por 18 rodadas. Aí, não conseguiu segurar o rojão e começou a ceder espaço para outros times. À medida que o time ia perdendo a distância, começaram a jogar mal, cada vez pior. O problema que estava em campo extrapolou para extra-campo.

Em um dos jogos, o juiz anulou um gol legítimo de Obina. O dirigente do Palmeiro, Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos economistas mais respeitados do país perdeu as estribeiras e chegou a dizer que ia dar porrada em Simon.

Pronto.

O Palmeiras se perdeu de vez. O destempero de Belluzzo passou para o campo no jogo seguinte, quando os palmeirenses empataram em casa com o Sport. E destrambelhou de vez com o episódio de ontem, no Olímpico.

É incrível o poder do exemplo, da liderança. Por mais que um líder precise colocar para fora suas emoções, ele nunca pode fazer isso de forma descontrolada — ainda mais via imprensa. Isso reflete claramente na equipe. Os jogadores do Palmeiras passaram a acreditar em conspiração, por meio de seu líder. Isso abala a moral, pois se há conspiração, não adianta você jogar bem, pois sempre darão um jeito de colocar você para baixo.

Dia desses, vi o filme Into the Storm, que mostra os dias em que Churchill jogou xadrez de guerra com Hitler na 2ª guerra mundial. Há vários momentos em que fica evidente o poder das ações e das palavras do líder. Muito simbolismo. Um grande craque com o qual a humanidade foi presenteada para derrubar Hitler (sobre isso há o fantástico filme “Cinco Dias em Londres”, do historiador John Lukácz, veja no Google Books ou na Livraria Cultura.)

O paralelo é abissal, eu sei, mas é de liderança que estamos falando. O Palmeiras perdeu o campeonato graças ao líder que não agiu conforme se esperava dele em um momento crucial.

Juca Kfouri escreveu sobre isso aqui. E o Belluzzo enviou uma resposta muito interessante para ele. Mostrando que voltou à razão, com estilo e verve apurada. Com a tranqüilidade e o distanciamento crítico que o escrever possibilita. Mas foi tarde demais…

(P.s.: Hoje, os jogadores do Palmeiras fizeram as pazes.)

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Um grande time só se faz com um grande rival

Estive em Porto Alegre para o casamento de um amigo nesse final de semana. Impressionante como a cidade e o Estado respiram rivalidade. Rivalidade que vem desde os imemoriais de Chimangos e Maragatos, imortalizados em O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo. Mais recentemente, Chimangos e Maragatos se converteram em petistas e outros partidos (PMDB, PPS, PDT) ou vice-versa — já nem sei quem herdou o quê de quem. E atualmente, com a débacle petista no quesito ética (ainda que Lula e Dilma venham fortes por aí), o que resta é a polarização do futebol, do Grenal.

Grêmio e Inter estão por todo o lado, em bonés, chaveiros, adesivos (como há adesivos nos carros dos gaúchos) e, claro, camisetas. Por todo o lado, em toda a cidade. E calhou que esse meu amigo, o Luiz “Teta” Felipe, resolveu casar no dia do centenário do Inter. Não foi por acaso. Foi proposital mesmo. Ainda que o gremista mais doente que eu conheço, o César “Cecé” Krebs estivesse indignado com os conselheiros gremistas, da família da noiva, que haviam permitido aquele disparate.

E lá estava eu, inocente, na entrada da festa, quando adentram os noivos. O Teta portando uma flamejante bandeira vermelha. Empunhando com todo o orgulho. E ao passar por mim, esfregando na minha cara, com toda a empáfia.

De raiva, para me vingar, estava esperançoso que o Grêmio estragaria a festa do centenário ganhando o Grenal  no Beira-Rio no dia seguinte. Mas não rolou. (Pelo menos serviu para derrubar o técnico tricolor, que já estava incomodando à beça.)

E em meio a toda rivalidade, o Grêmio publicou o anúncio abaixo no jornal Zero Hora.

Anuncio-gremio-centenario-vermelho

anuncio-gremio-centenario-vermelho-2Achei bacana. Acolhedor. Reconhecedor da beleza do adversário. Lembro do Senna na Fórmula 1, cujo brilho sempre era exaltado pela habilidade e genialidade de Alain Prost. Privilégio que Schumacher nunca teve, pois foi um campeão sem rival à altura. Ao contrário de Grêmio e Inter. Na eterna gangorra, quando um está por cima, o outro está por baixo.

E de nada adianta colorados engraçadinhos falarem em freguesia, pois o Gremio é bicampeão da America e tem mais pontos nos rankings de futebol.

A rivalidade continua…

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25 anos atrás

Algumas memórias rápidas que me vêm à cabeça da época em que vivemos na gloriosa Cachoeira do Sul, a 190 quilômetros de Porto Alegre, dos meus 7 aos 10 anos: um abacateiro gigante no pátio, uma inundação em uma chuva torrencial que deixou dois dedos de água dentro de casa, um boco de jogar bolita no carpete de casa (era perfeito!) e duas noites marcantes. Na primeira delas, passava um jogo maluco na TV. O Grêmio jogava contra um time de branco. Um bando de argentinos ensandecidos que não aceitavam a derrota em casa. Ainda mais por 3×1. Deram o sangue e tiveram um bando de gente expulsa. Acabaram o jogo com sete em campo e com 3×3 no placar. Mas não foi suficiente. E o Estudiantes ficou fora e o Grêmio foi para a final contra o Peñarol. Eu tinha sete anos e estava aprendendo a ser gremista, ganhando à base de sofrimento. Da final eu lembro apenas que um tal de César fez o gol do Grêmio e fomos campeões da América. Depois veio a musiquinha… Só perguntar para o Augusto (Grêmio, Grêmio, Nós somos campeões da América).

E então veio a segunda noite. Essa já era em dezembro. O Grêmio ia jogar a final do campeonato mundial. Quem ganhasse seria o melhor time do mundo. Embora tivesse sete anos, já sabia dar a importância para isso e fiz todo o esforço do mundo para ficar acordado até a meia-noite, horário que o jogo começaria lá no Japão. Aguentei firme. Por 15 minutos… Estava na casa da minha avó (meus pais foram ver o jogo sei lá onde) e acordei correndo no outro dia pedindo para passar em casa, louco para tomar a primeira providência: perguntar quanto tinha sido o jogo! Quando meu pai falou que o Grêmio tinha ganhado por 2×1 do Hamburgo, com dois gols do Renato Portaluppi e que portanto tinha sido campeão do mundo, senti meu corpo esquentar, meu peito inflar e minha garganta clamar: “Mãe, cadê minha bandeira?” Obviamente, eu queria ir para a rua balançá-la, cheia de orgulho. Em cidade pequena do interior isso seria perfeitamente possível, não fosse por um detalhe: um colorado tinha passada a mão na bandeira.

Verdade. Na noite anterior, depois do jogo meu pai e minha mãe saíram de carro para comemorar o resultado do jogo. Meu pai ainda não era, argh, colorado. Torcia para o Cruzeiro, um falecido time de Porto Alegre. Na janela do carro, minha mãe tremulava a tricolor. Ao que um invejoso colorado — e assim, com muita inveja ele permaneceria por mais 23 anos — passou a mão na bandeira.

Tudo bem. Eu fiquei sem bandeira. Mas não sem voz. E fui para frente da casa gritar: Grêêêêêêêêêêmioooooooooo, Grêêêêêêêêêêmiooooooooooo. De uma vez por todas. Exatamente 25 anos atrás.

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Dia de estréia no Olímpico

Aproveitei um dia de trabalho em Porto Alegre para levar o Augusto para passar o final de semana comigo, com os avós e com o tio. A programação foi intensa e mesmo assim não deu tempo de visitar a todos os amigos. Teve churrasco todo dia (essa é uma parte muito boa!) e visita-churrasco rápida à Cachoeira do Sul, onde moram os familiares. Teve ainda passeio no Museu da PUCRS (sensacional para crianças), visita à prefeitura (Gutão sentou até na mesa do prefeito!), mais churrasco com amigos e o grande programa: jogo do Grêmio!

Foi a estréia do Gutão num estádio. No Olímpico, é claro! Começou na sexta-feira, quando passamos lá rapidamente para pegar os ingressos que minha mãe conseguiu para que toda família pudesse ir (inclusive o avô colorado!). Eu, como gremista e sócio-torcedor assíduo, tinha direito a uma camisa do time, por pagar 24 meses de associação. Dei para meu irmão, que havia acabado de falar que precisava de uma camisa nova. Ainda que a que estivesse usando (da década de 80) já valesse 300 reais no mercado underground de colecionadores. Depois de pegar minha carteirinha nova e dar a antigo para o Augusto (que recebeu como um trófeu), entramos no estádio. Estava vazio e pronto para receber 43 000 torcedores dali a dois dias. Gutão correu e pulou, boquiaberto de conhecer o Olímpico. Tão ou mais do que o pai, é verdade, que realizava ali um sonho.

No Domingo, dia de jogo, passamos no aniversário do Luiz Felipe, filho da Vanda, que trabalhou anos em nossa casa. Foi uma espécie de irmã mais nova para mim e meu irmão. Faz parte da família. De lá, fomos para o jogo. Na chegada, aquela sensação indescritível de navegar em um mar azul de torcedores gremistas. Todos com o sorriso no rosto, confiantes na vitória. Gutão foi da garagem onde deixamos o carro até o portão do estádio na garupa do Tio Bru. Assistindo de cima a tudo aquilo. Lá dentro, pura festa da torcida.

Principalmente no momento em que o Tcheco fez o primeiro gol, ainda no primeiro tempo. Gutão pulou, comemorou e cantou músicas da Geral do Grêmio, a torcida que está reinventando o jeito de torcer no Brasil, com seguidores país afora. A cada música que ele conhecia, cantava olhando para mim, pedindo confirmação com o olhar. Nem precisava. Já havia treinado tantas vezes em casa que foi fácil, fácil cantar.

No segundo tempo, mais um gol do Grêmio e muita festa na arquibancada. Tudo supervisionado por meu amigo César, o gremista mais doente que conheço, que fez questão de ser o padrinho da estréia do Gutão. Valeu, Cecé! O Marcelo, companheiro de jogos na cadeira locada do Grêmio durante toda a infância, estava lá também. Não podia ter estréia melhor… Final: Grêmio 2×1 Coritiba.

Fomos para casa felizes da vida, tentar dormir o quanto antes para pegar o avião às 7h da manhã no dia seguinte. Na chegada ao aeroporto, a notícia que o vôo estava atrasado 1h. Fomos para o portão indicado e estava errado. Quando Gutão estava se aninhando para dormir no meu colo, tivemos que trocar de lugar. E eis que a caminho do outro portão, cruzamos com… Tcheco. Pausa para explicar. Desde pequeno,  no processo de ensinar ao Gutão porque ele deveria torcer para o Grêmio, ele sempre ouviu que o Tcheco era o camisa 10 do Grêmio, o craque etc. Sempre que jogamos futebol ele é o Tcheco. Pois ontem, o primeiro gol foi dele e hoje damos de cara com o sujeito no aeroporto.

Não tive dúvidas e pedi para tirar uma foto. Gutão estava emburrado, dizendo que queria a mãe e choramingando. Tcheco mostrou que além de craque, é gente boa. Pegou o guri e perguntou porque ele estava chorando. Trocou uma idéia e saiu a foto abaixo. Da cara de sono e emburrada não deu para fugir!

Gutão e Tcheco

Ainda falei para ele: “Gutão, diz para o Tcheco que o Grêmio vai passar o São Paulo e vai ser campeão!”. A depender da sorte do Augusto, já temos um novo tricampeão brasileiro em 2008!

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Domingo de futebol

Ontem peguei o boné, o óculos de sol, passei um Sundown, coloquei um tênis velho no pé, uma bermuda larga e uma camiseta cinza e fui camuflado ao Palestra Itália assistir Grêmio x Palmeiras.

Na chegada, um pouco de apreensão com os palmeirenses rodando a entrada da torcida do Grêmio. Nada demais.

A bola já estava rolando quando entrei. Um gramado para lá de verde. O estádio cheio de vaga-lumes no sol. A camisa nova do Palmeiras é um verde-fosforescente de gosto duvidoso. Quase da cor da camisa do juiz, que foi obrigado a vestir uma camisa cor-de-romã.

No primeiro tempo, um susto com a bola na trave na cabeçada do Alex Mineiro. Depois, boa jogada do Tcheco, que lançou Reinaldo, que passou para Marcel. De frente para o gol… para fora. Burro! Teve ainda um chute do Souza e outro do Reinaldo. E poucas jogadas do Palmeiras. O Grêmio estava com sorte. As bolas divididas estavam sobrando para nós.

No meio da torcida, um gringo e uma gringa. Ele do Canadá, ela da Sérvia-Montenegro. Ambos em roupas estranhas para o estádio. Ele vestia óculos de grife e camisa agarradinha combinando com jeans surrado. Ela vestia um óculos moscão, um chapéu meio-panamá estiloso. Cairia bem no Jóquei. Tiraram várias fotos com a bandeira do Grêmio e tenho certeza que saíram gremistas.

Ao meu lado, um pai e um filho gaúchos que vieram para o Salão do Automóvel e aproveitaram para ver o Grêmio.  Uma paixão que não se explica.

Segundo tempo. O Grêmio continua melhor. A zaga reserva, com jogador de 18 anos estreando, é perfeita. Denílson, o jogador-enganação, é substituído. Diego Souza, que jogou muito no Grêmo em 2008, se lesionou e por sorte não jogou ontem. 27 do segundo. A falta é cobrada para Tcheco. Ele dá dois passos e joga a bola na área. Ninguém toca. Ela quica, e morre no fundo do gol de Marcos. Goooooooooooooooooooooool!!! Dois caras que nunca vi antes me abraçam. Só mesmo em estádio de futebol.

Alguns sustos nos minutos finais, mas nada demais. A torcida vaga-lume se cala. A tricolor vibra como nunca.

Fim de jogo. O time do Grêmio vem correndo para agradecer a torcida, renovando a febre tricolor. É o que explica a vontade de gritar pelo time por 90 minutos.

Na saída, passo firme, sem olhar para o lado. Afinal, melhor não ser reconhecido como adversário em dia de derrota em casa… Tudo tranqüilo.

Agora, só dois pontos de distância do São Paulo. Domingo que vem tem mais.

Na volta, em casa, Gutão fica feliz da vida com o resultado. E pergunta: O Inter teve azar hoje, papai? Não, mas quem se importa com isso hoje? 

Que domingo!

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Fala, louco! – parte 2

Segue a 2a parte do texto sobre Teta e a turma do Rivera (link para a 1 parte):

O contraponto da liberdade era a melancolia da cidade. A praia ficava com cara de cidade-fantasma no inverno. Não tinha nem gente suficiente para jogar futebol. Triste, como a cara de um dia cinzento. Nos feriadões de final de ano, 7 de setembro, 12 de outubro, 15 de novembro, até rolava um jogo de bola. Às vezes a gente encontrava figuras de verão errando por lá, como Dudu Winter, Renatinho Negão, Guto e outros. E aí saía jogo.

À noite, o centro de Capão era o retrato do abandono. Aqueles que se arriscavam encontravam quase tudo fechado: o Gut-gut (que fazia batidas memoráveis), o Bolicho (uma casa de boliche erguida toda de madeira. Um clássico da cidade. Com madeira que estavam lá há décadas, decadente que só. Cada vez que alguém jogava uma bola rezava não para derrubar os pinos, mas sim para não furar o chão!”). Até o fliperama ficava fechado. Não podíamos jogar a Copa do Mundo, em que a regra clara era: “Quem mandou golear o primeiro?. Se isso acontecesse,o segundo ficava mais forte e assim por diante. Era assim o mecanismo do jogo. Ou pelo menos a gente achava que era.

O que funcionava bem na cidade era o vento gelado, que dificilmente era amainado pelo calor das lindas meninas do sul do País. Poucas se arriscavam no inverno… Era quase uma insanidade passear no centro de Capão no inverno. Por isso a gente ficava pelas casas, tomando vinho de garrafão (Sangue de Boi, ou Sâng du boá, em bom francês), fazendo caipirinha de Velho Barreiro, jogando War ou conversa fora.

No verão era tudo diferente. Disputávamos aguerridos campeonatos de botão. Na primeira divisão só jogava a gurizada maior. A segunda divisão era para os irmãos menores. Dificilmente alguém saía de uma divisão para outra. A não ser quando o último colocado fosse o Cecé Carapa. Só pelo prazer de vê-lo jogar contra a molecada. A regra não durou mais de um campeonato, pois logo o Cecé subiu para a primeira divisão. Os jogos aconteciam dentro do salão de festas do Rivera, que tinha um grande pátio interno. Lá a galera corria – entrava e saía sem pedir autorização para ninguém, em um tempo em que segurança era uma palavra que pouco preocupava.

Tudo sempre acontecia no Rivera, o ponto de encontro da galera. Tinha cada espécie por lá… O Dudu Gordo era uma delas. Ele não fazia parte da panelinha, mas na volta do centro de Capão era figurinha carimbada nos papos filosóficos, que incluíam as seguintes pautas: a próxima bagunça que seria feita, certa menina da galera que andava saindo com alguém que não era da turma, a tática para vencer o time de futebol rival, a próxima festa da Saac ou da Rocky Point, em Atlântida. No caso do Dudu Gordo, o assunto era o fato de que ele era amigo dos seguranças de porta de puteiro em Porto Alegre…

No Rivera também tinha um pessoal de uma banda chamada Transaminase. O hit deles era uma música da Bandalhera chamado “Campo Minado”. O Dudu Gordo jurava de pé juntos que eles haviam composto. Tinham canções próprias também. Uma delas era: “Capão é um balneário/que acomoda muita gente/no inverno é frio para caralho/ e no verão é quente.” A Bandalheira era a versão praiana das bandas de rock de garagem que abundam em Porto Alegre. De certa maneira (acho que por falta de outras), era a referência para os projetos de roqueiros da turma que nunca vingaram. Marcelinho, meu primeiro grande amigo e ponto de contato com a turma do Rivera, e Cecé eram os que mais chegavam perto de conseguir tocar algo. O panamenho JJ era o mestre – e segue tocando até hoje, muito bem, por sinal. Mas a carreira musical nunca passou de uma brincadeira para todos.

Teve um que até se arriscou a cantar ópera. (continua)

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Kayapó e casamento em Porto Alegre

Nesse final de semana que passou fui até Porto Alegre para o casamento do Marcelo, amigo de infância. No sábado, aproveitei para jogar futebol no Kayapó, time de futebol onze de várzea que ajudei a fundar. Uma das coisas que ainda sinto falta dos pagos gaudérios é desse futebol, quase 10 anos depois de sair de lá. Mais do que um time, o Kayapó era uma espécie de terapia semanal. Em São Paulo, consegui trocar por finais de semana de surfe. Mas são atividades complementares, não substituíveis. Menos mal que desde que cheguei em Sampa já comecei a bater bola semanalmente. Ver o Kayapó em ação 15 anos depois de fundado foi muito legal. Bacana de ver funcionando uma ‘instituição’ que começamos há tanto tempo, por pura diversão. Antes do jogo começar, Leandrinho juntou a turma, trocou umas palavras com o time e me ‘apresentou’. Conhecia quatro caras dos 15 que estavam lá. Tinha até moleque de 20 anos. Que tinha 5 quando o time foi formado! É a renovação do Kayapó. O resultado? Ganhamos de 3×2. Joguei 45 minutos e foi como se tivesse jogado 90. Oito anos sem jogar futebol de campo fazem uma diferença! 

Depois do futebol, o casamento. Rever amigos de infância e conversar como se a última vez que tivéssemos conversado fosse ontem é mesmo sensacional. Em um bate-papo filosófico com minha amiga Sha, chegamos à conclusão de que não é fácil manter essa rede de amigos viva. É preciso assiduidade e compromisso. Se marcar um encontro com a turma, é preciso ir. Afinal, só a presença de todos é que faz sentido e mantém a rede viva. Ela estava comentando que tem outra turma do colégio que tenta se manter unida, mas não com a mesma eficiência. Parece simples, mas não é. Pense aí quantas vezes a turma do colégio ou da faculdade marcou encontro e meia dúzia apareceu. Falei com o Gugu sobre isso também. A tese dele: “essa galera toda só se reúne aqui para essa festa porque o nosso passado comum foi muito afudê”. Concordo 100%.

E toda vez é a mesma coisa, relembrando as mesmas histórias. E rindo sem parar. Deveríamos ter mais festas como essas. Só faltou levar a Ju, o Gutão e o Vico, que com 2 meses de idade ainda está muito novinho para viajar longe. Mas festas de casamento não vão faltar para ele!

No domingo, deu tempo de acordar, trocar uma idéia com meus pais (muito bom voltar às origens — valeu, pai e mãe, pelo alto astral de sempre!), almoçar e pegar o avião de volta. Apesar da Gol, que tentou atrapalhar cancelando meu vôo de volta sem avisar nada. Por sorte, ainda deu para entrar no avião seguinte, devidamente munido de chocolates especiais, atendendo à encomenda do Gutão. Só não deu para comprar o o copo do Grêmio que ele pediu. Fica para a próxima!

PS: Porto Alegre continua uma cidade muito agradável. Cheia de árvores, limpa, bem sinalizada, com distâncias reduzidas (o aeroporto fica a apenas 10 minutos do centro da cidade). Já imaginaram São Paulo assim? Uma corrida de táxi que atravessa a cidade custa só 35 reais. Ah, se fosse mais perto de Santa Catarina e de uma praia com boas e constantes ondas…

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Tricolur!

Quem me conhece um pouco sabe que não troco duas horas do final de semana quando o Grêmio joga por quase nada. Essa coisa de torcer para um time é um pouco inexplicável. O que justifica o fato de eu pagar R$ 38 por mês para ser sócio de um clube que joga há mais de 1 000 quilômetros daqui? Pior ainda, fazer de tudo para o filho ser gremista também… (Não venham os colorados dizer que é loucura mesmo torcer para o Grêmio porque eu tenho dezenas de argumentos para rebater…)

Em breve vou postar aqui o artigo de “Como fazer seu filho torcer para o seu time mesmo vivendo em outra cidade”. Pois o Gutão virou tão gremista que dia desses perguntou para o meu pai:

– Vovô, qual o time do tio Bru? O vô respondeu: Grêmio.

– E qual o time da vovó? Grêmio… respondeu o vovô.

– E você, vovô, porque não se junta ao Grêmio?

Acho que essa perguntou acabou com todas as esperanças de meu pai ao menos ter um neto simpatizante do Inter! E muito menos ainda ao ouvir Gutão cantar: “Tricolur, tricolur, tricolur!”, de um jeito todo peculiar em referência ao uniforme tricolor azul, preto e branco do Grêmio.

PS: Uma coisa legal em São Paulo é responder para qual time eu torço. Quando respondo Grêmio, os paulistas sempre perguntam: “E aqui em São Paulo, para qual time você torce?”. Juro que no início eu não entendia essa pergunta, mas acredito que ela vem da mesma fonte que faz muita gente aqui dizer: “Vamos combinar de você ir lá em casa” ou “Vamos combinar de almoçar” e nunca concretizarem o convite. É a tal da cordialidade do Sergio Buarque de Holanda, levada ao extremo. Por isso, o pessoal espera que eu diga que torço para um time de São Paulo. Sinceramente, não consigo. E desconfio de gremistas e colorados que vêm para cá e escolhem outro time para torcer.

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