Texto publicado originalmente na revista Vida Simples, edição de 12/2011.)
Mente: o desafio é fazer o elefante e o condutor conversarem
Livro recebido de presente vai para o topo da lista da cabeceira. Nunca me arrependo desta máxima em que resolvi apostar. Não foi diferente com “The Happiness Hypothesis”, de Jonathan Haidt (infelizmente sem tradução em português), que ganhei de presente de um amigo que conheci no TED Global, em 2010, em Oxford, na Inglaterra. Meio ano depois, tive a oportunidade de reencontrá-lo e falar para ele o quanto este livro havia transformado minha vida e o jeito de ver o mundo.
Haidt é um psicólogo que estuda a moralidade e as emoções ligadas à moral. Este é o pano de fundo do livro, que trata de 10 grandes ideias, uma para cada capítulo. Haidt descreve estas ideias com base no conflito diário que nossa mente trava entre o que ele chama de elefante e o condutor. A parte consciente da mente é o condutor, que tem apenas um controle limitado do elefante, o inconsciente. O desafio é fazer com que os dois trabalhem de forma integrada, controlando — ou tentando controlar — nossas reações.
Haidt acredita que hoje existem três maneiras de fazer a mente trabalhar de maneira diferente, ajudando pessoas com uma “constituição infeliz” a verem o mundo de forma mais positiva. Uma das três maneiras é uma prática milenar, a meditação. As outras duas são mais modernas: terapia cognitiva e Prozac. De certa maneira, apesar de uma delas ser remédio, para casos extremos, é reconfortante pensar que o bem-estar da mente e a felicidade dependem basicamente de três coisas que podem um dia estar ao alcance de todos. Mas talvez exista algo mais fácil e quase instantâneo.
Nos estudos que fez para o livro, Haidt descobriu o poder de conexão da oxitocina e foi lá a primeira vez que ouvi falar deste hormônio. O livro fala de um estudo que mostra como a oxitocina foi liberada em mães latentes mais do que o normal somente por verem um video inspirador de um músico que recebeu ajuda do professor para largar a vida de gangues de rua.
Até já havia falado aqui da oxitocina, mas a boa nova é que agora a palestra do neuroeconomista Paul Zak está no ar (http://bit.ly/tpiAvx). Em pesquisas aprofundadas, Zak descobriu que a oxitocina se manifesta em relações de confiança. Ele fez testes envolvendo transferências de dinheiro, em casamentos e até em saltos duplos de paraquedas. Zak descobriu que quanto mais confiança, mais oxitocina, mais confiança… A oxitocina é liberada quando nos sentimos bem, quando nos sentimos parte de algo maior, quando a confiança está no ar.
Ao final de sua palestra, lembrou que existe um jeito muito fácil de fazer o corpo produzir oxitocina: por meio de abraços. Oito por dia, mais especificamente. Ele ainda brincou que é chamado de Dr. Amor por causa disso. Mas esta é uma brincadeira muito séria. O amor é a base da vida em sociedade, a base da confiança. É o sentimento que nos torna possíveis como grupo social. É o que em, última instância, nos faz feliz. Então, além da meditação, terapia cognitiva e Prozac, quem sabe abraços para nos sentirmos melhor?
Texto publicado originalmente na revista Vida Simples, edição de 11/2011)
Aqui há muita coisa que importa
Em agosto passado, fui até a Ilha Grande, no Rio de Janeiro, para organizar um TEDx in a Box, programa piloto do TED para eventos com poucos recursos. O público foi a brigada mirim ecológica, formada por jovens na faixa dos 14 anos que realizam ações ambientais na ilha.
Estávamos preparando o evento na Vila de Abraão, a comunidade principal da ilha. Era um dia de semana, com céu cinza, contrastando com a água verde-esmeralda da baía. Um dia ordinário na Ilha Grande. De repente, no casarão onde o evento seria realizado, surgiu a Neuseli. Na casa dos 50 anos, por volta de 1,60 metro, cabelos curtos brancos, brancos, Neuseli roubou a cena quando chegou contando sobre o livro Onde Deixei meu Coração, que havia escrito sobre a praia do Aventureiro, a dez horas de caminhada dali (somente carros oficiais circulam na ilha).
Neuseli tinha acabado de chegar de Aventureiro e no dia seguinte já iria voltar, como se estivesse indo na esquina comprar pão. Ela esbanja vitalidade e – mais importante – felicidade. Aproveita como ninguém a liberdade de ir e vir, ainda mais porque já se discutiu a retirada de moradores para preservar a praia de Aventureiro. Mais recentemente levantou-se a discussão sobre transformá-la numa Reserva de Desenvolvimento Sustentável, assim os moradores não precisariam sair de lá.
Em entrevista a um site, Neuseli diz que a maioria da comunidade não quer se mudar. “Sabemos conviver com a natureza. Queremos o direito de permanecer nesta localidade e meios dignos de sobrevivência, como plantar, pescar, fazer turismo (…).”
Vendo sua disposição e alegria de pertencer àquele lugar, eu me lembrei, primeiro, de um amigo que escreveu no Twitter dia desses: “Onde tem natureza, não tem miséria”. Em seguida, me veio a imagem de uma família de balinesas com quem convivi por dois meses entre as sessões de surfe numa viagem para a Indonésia. Eram mulheres que tinham apenas roupas, uma casa humilde, comida e família. Sua fonte de renda eram as massagens que faziam em pequenas construções de madeira nas praias paradisíacas de Bali. Não pegavam trânsito, não se atrasavam para os compromissos, não tinham dívidas para pagar a TV de LCD e não queriam sair de lá. Mais conforto poderia ser bom para elas, mas, sem saber disso, viviam a vida com sorrisos no rosto.
Vendo a felicidade da Neuseli e lembrando-me das balinesas, comecei a pensar na vida agitada da cidade, na poluição das grandes metrópoles, no trânsito, na sedução do consumo… E continuei pensando, até pegar o avião de volta para São Paulo, entrar novamente na rotina agitada e encontrar um tempo para escrever este texto…
Agora, você pode ser um palestrante do TED2013. Veja como!
E o TED, inspirado no fenômeno dos TEDx pelo mundo, dá um novo passo na missão de projetar pessoas e trabalhos incríveis via ideias que merecem ser espalhadas. Entre abril e junho de 2012, os curadores do TED farão uma busca mundial por possíveis palestrantes que possam se somar às mais de 1000 palestras que já estão disponíveis gratuitamente no site www.ted.com e que já foram vistas mais de 400 milhões de vezes pelo mundo todo.
A ideia é garimpar em diferentes e inesperados lugares do planeta gente que tenha algo relevante para contar ao mundo. Para isso, serão feitas audições em 14 cidades do mundo, inclusive em São Paulo, a única localidade na América Latina.
Nestas 14 cidades (Doha, Londres, Joanesburgo, Nairobi, Tunis, Shangai, Bangalore, Seoul, Sydney, Tokyo, Vancouver, Nova Iorque, São Paulo e Amsterdã, pela ordem), os organizadores selecionarão os melhores candidatos para fazerem palestras de até 18 minutos no TED2013, em Long Beach, na Califórnia. O tema da conferência será: “The Young. The Wise. The Undiscovered”.
A audição do TED em São Paulo acontecerá no dia 11 de junho, em local ainda não definido. As inscrições para os participantes a serem escolhidos pelo TED ocorrerão entre os dias 3 e 23 de abril através de uma plataforma online. Os participantes poderão adicionar vídeos que mostrem por quê devem ser escolhidos para as palestras nas cidades. A partir das inscrições, serão escolhidos pelos organizadores até 30 palestrantes para participar da etapa de São Paulo. Todas as falas da audição serão gravadas e alguns dos vídeos poderão até ser publicados no site do TED (www.ted.com).
As palestras deverão ser feitas em inglês e em um período de no mínimo 3 e no máximo 6 minutos. A palestra a ser dada no TED 2013, no entanto, poderá ser ministrada em até 18 minutos. Todos os custos de viagem, hospedagem e alimentação dos vencedores será coberto pelo TED.
O TED está procurando pessoas que possam se destacar nos seguintes tópicos:
O Inventor: que divida uma invenção com potencial para mudar o mundo
O professor: que divida conhecimento de maneira memorável para jovens ou adultos
O prodígio: jovem talento pronto para emergir
O artista: que possa mostrar seu trabalho de uma forma completamente diferente
O performista – música, dança, comédia, drama… ou algo totalmente diferente
O sábio – a sabedoria que o mundo precisa por aqueles que aprenderam do jeito mais difícil
O entusiasta: com paixão contagiosa pelo tópico que escolher falar
O agente de mudanças: que ajude a moldar o mundo com um trabalho que realmente importa
O contador de histórias: intenso, original e significativo… com um talento para se conectar
O que despertará a faísca para mudança: com uma ideia poderosa que valha a pena espalhar
Procura-se gente nova: os candidatos não podem ter participado em alguma conferência do TED ou ter seu vídeo publicado no TED.com.
Esta é uma excelente chance de pessoas incríveis poderem mostrar seu trabalho para o mundo. Você pode ajudar espalhando esta boa nova e ajudando a encontrar possiveis palestrantes. Aguarde mais informações e prepare-se para ajudar a montar o programa do TED2013 com suas indicações!
"It is in the water where I center my emotion" - Bali, 2000 - photo by Rodrigo V Cunha
Neste final de semana, rolou mais uma sessão de bate-e-volta de surfe com amigos conectados virtualmente. É um grupo fechado, só com gente conhecida. Quando alguém está com vontade de surfar, joga lá no grupo e espera resposta. Teve uma época em que eu não ia surfar porque faltava parceria. Neste sábado, fomos em quatro no carro. As belezas do mundo virtual e das redes sociais!
Mas não era isso que eu ia comentar aqui e sim este vídeo abaixo, de Lorenzo Fonda, que gravou estas cenas durante uma viagem de navio Portland Senator, na rota entre Los Angeles e Xangai, em dezembro de 2008.
O texto está em inglês, então aqui vão os 10 aprendizados para todos acompanharem.
1. O mar vai te seduzir para o esquecimento
2. O mar é infinitamente maior do que eu.
3. O mar é um espelho. Se eu estou feliz, ele será feliz. Se eu estou triste, ele será triste.
4. O mar não sabe que horas são, porque as horas vivem no mar mesmo.
5. O mar é uma criatura viva, e nenhum movimento de respiração é igual ao anterior.
6. O mar vai te dar um chute na bunda, não interessa porque e a qualquer momento.
7. O mar vai te chatear até não poder mais.
8. Ou pode te fazer sentir como se tivesse seis anos de idade.
9. O mar é como céu e inferno. E uma alma só pode tentar adivinhar o que tem lá embaixo.
No mês passado, comecei a escrever uma coluna na revista Vida Simples. A ideia é falar sobre o movimento do TED e TEDx no Brasil. Trazer ideias, percepções, coisas que estão rolando na cada vez maior comunidade envolvido com o TED no Brasil. Obviamente, convidar para escrever esta coluna foi o mesmo que perguntar: “macaco, quer banana?”, já que não é novidade para ninguém que este blog é admirador do conceito do TED de espalhar boas ideias pelo mundo.
Então, aí vai o texto da primeira coluna. A segunda já está nas bancas. Vai lá! 😉
É para espalhar
Certo dia estava tentando dar conta dos invencíveis e-mails quando chegou mais um que iria mudar razoavelmente minha vida. Era de uma amiga, despretensioso. Apenas compartilhava mais um link na internet. Só que aquele não era mais um e-mail. Ele vinha carregado de ideias gratuitas. Mais especificamente TED Talks.
Corta.
Em 1984, alguns profissionais da área de tecnologia se reuniram para fazer um evento fechado e discutir Tecnologia, Entretenimento e Design, as iniciais para TED. Foi um sucesso crescente, mas só para poucos, com preço alto. Então, em 2006, aconteceu a primeira revolução no negócio do TED. O atual proprietário da conferência, Chis Anderson (não confundir com o editor homônimo da revista Wired), resolveu distribuir na web gratuitamente as palestras que havia sido gravadas nos encontros.
Foi um sucesso instantâneo, muito pelo formato, com falas de 18 minutos de duração, talhadas para o mundo em que vivemos, com informações trafegando na velocidade da luz. (Existe uma teoria lógica por trás desta duração, mas este é assunto para uma próxima coluna.)
Mais do que rápidas, as falas do TED prendem porque são bem-feitas. Tanto que quase todas as pessoas que conheço ficam viciadas quando conhecem. Já foram vistas cerca de 400 milhões de vezes pelo mundo., traduzidas em mais de 80 línguas por uma legião de mais de 4 000 voluntários.
O sucesso das palestras provocaram a segunda revolução no modelo do TED.
As duas conferências anuais do TED (na Califórnia e na Europa, este ano em Edimburgo) ficaram pequenas. E assim nasceu o TEDx, uma ideia genial. Qualquer pessoas pode organizar uma conferência inspirada no TED, mas de maneira independente. Desde a criação do conceito em 2009, foram feitas mais de 1000 pelo mundo. No Brasil, tivemos cerca de 15 e teremos outras tantas até o final deste ano. Há videos incríveis das palestras, que podems ser encontradas no site ted.com/tedx .
Corta e volta ao e-mail que minha amiga enviou. Depois daquilo, convenci colegas a patrocinar o primeiro TEDx no Brasil e até organizei um na empresa em que trabalhava. Depois, ainda fiz parte de um time incrível que organizou uma incrível maluquice: o TEDx Amazônia, para 500 pessoas, durante dois dias, em um hotel flutuante no meio da floresta. Só para espalhar ideias… E de tanto querer participar e levar adiante esta ideia, recebi e aceitei o honroso convite da direção do TED para ser o “embaixador “dos TEDx na América Latina. O papel, voluntário, é simples: ajudar todos os que queiram espalhar estas ideias. Conversaremos mais sobre isso por aqui, a partir de agora.
Há uns meses, encontrei o blog do Jonathan Harris, um lugar onde ele colocava uma foto por dia antes de dormir. Eram fotos aleatórias, do seu cotidiano. Ele diz que começou a fazer quando fez 30 anos, como uma maneira de capturar a memória. Passei a seguir suas fotos e não raro me deliciava com a qualidade do material, altamente inspirador. Ainda mais quando vinha seguido de alguns textos. Até que um dia, no lugar da foto, ele enviou um e-mail, dizendo que o projeto tinha acabado.
Hoje, vi o vídeo abaixo, com as fotos em sequência, acompanhadas de comentários de Harris. Em determinado momento, ele diz que o projeto estava dominando sua vida, quando era para ser o contrário. E aí, ele parou. Interessante saber como ele percebeu a hora de parar. Nem sempre percebemos quando esta hora chega. Os atletas mais bem-sucedidos param no auge. Como fez Pelé. Alguns, como Schumacher, param, mas resolvem voltar, para não ser nem sombra do que eram. Outros, param antes da hora. E voltam para arrebentar, como fez Kelly Slater no surfe, que depois de voltar ainda foi campeão mais duas vezes, tornando-se o único surfista decacampeão da história, muito a frente de qualquer outro competidor.
No video abaixo, Harris mostra que parou no auge e as imagens dele, com a vida do dia-a-dia, inspiram para o famoso Carpe Diem. Aproveite o momento e aprecie 8 minutos com imagens de um ano de vida de um artista de mão cheia.
E se isto não for o suficiente para inspirar, que tal este time lapse estelar, filmado na semana passada (entre 4 e 11 de abril) na montanha mais alta da Espanha? O lugar chama-se El Teide, um dos melhores do mundo para fotografar estrelas. O autor deste filme magnífico chama-se Terje Sorgjerd. Aproveite e reflita sobre o lugar maravilhoso em que vivemos! A vida é bela. Só tem que parar e apreciar de vez em quando! 😉
Há pessoas que passam brevemente pela nossa vida e mesmo assim conseguem deixar marcas e liçōes profundas. Foi isso que me veio à mente quando recebi a notícia do falecimento do Sidnei Basile, um grande jornalista, que — tenho certeza — foi inspirador para muitos jornalistas que cresceram com ele e depois de “passarem” por ele.
O falecimento de Sidnei foi a primeira informação que tive hoje, recebida da boca de minha esposa. Não poderia ser diferente e aqui vai a 1a lição das três que recebi dele e que compartilho aqui. Quando comecei a namorar minha esposa, nós trabalhávamos juntos. Tentávamos lidar com o fato com a maior maturidade possível para quem está na casa dos 20 anos. Entretanto, nem todos na equipe aceitavam, principalmente porque minha esposa era na época minha chefe! Quando a situação ficou realmente tensa, Sidnei agiu para desanuviar. Contou histórias de casais que se conheceram nas redaçōes (jornalistas têm destas manias) e disse que isso era normal ao reconhecer que com maturidade isso era possível. A tensão se dissipou e aí percebi claramente um líder em ação.
A segunda lição que recebi de Sidnei foi quando pedi um horário para informar a ele que estava deixando a revista para trabalhar em outra empresa, não-jornalística. Sua frase foi lapidar e memorável. “Vai lá, aprende e volta para o jornalismo. Afinal, jornalistas são como comunistas, prostitutas e ladrōes: nunca desistem, só descansam!” Sidnei, ainda não voltei para o jornalismo, mas tenha certeza que nunca desisti! Jornalismo é algo que se nasce com. Não há escolha. Há, sim, jeitos de se trabalhar com a informação, a alma do jornalismo.
E no final de 2009, a última vez que tive a sorte de encontrar e aprender com o Sidnei, caminhávamos em busca de um café no Parque Ibirapuera, no intervalo de uma atividade do Planeta Sustentável, projeto importante e de vanguarda da Editora Abril. O Planeta Sustentável trata de construir um mundo melhor. Como não poderia ser diferente, Sidnei estava diretamente envolvido. Cuidar das coisas e das pessoas estava na sua índole. Então, a caminho do café, Sidnei comentava da viagem que havia feito com sua família. Refletindo sobre a vida, disse que, mais do que trabalho ou cargos ou posiçōes, o que ficava da existência eram os bons momentos curtidos com pessoas queridas.
E ali caiu minha ficha: Sidnei sabia aproveitar a vida, fazendo o bem para quem estava por perto. Mais do que tudo, a lembrança que guardarei dele é a de que foi um homem de bem. Descanse em paz, Sidnei. E esta lágrima é um ponto final.
Nesta era de dados que trafegam na velocidade da luz, ainda estamos tentando dar vazão e compreender o que se faz com tanta informação. Principalmente quando ela é capaz de derrubar regimes e sistemas complexos e estabelecidos há anos. Não à toa, o tema transparência esteve muito presente no TED 2011.
Ainda no primeiro bloco, Wadah Khanfar, diretor da Al-Jazeera, falou sobre a revolução na Tunísia, e como a transparência sobre o que estava acontecendo via disseminação da mensagem pela televisão e outros meios ajudou a dar força ao movimento. Emocionado, ele disse que: “uma nova geração conectada e inspirada por valores comuns criou uma nova realidade para nós. Estamos testemunhando história, o nascimento de uma nova era”.
O executivo do Google Wael Ghonim, que teve papel-chave na mobilização via redes sociais que acelerou a queda do ditador egípcio é um exemplo marcante do nascimento desta nova era. Ele repetiu sua frase que já se tornou a marca desta revolução colaborativa: “Não houve um herói, porque todos foram heróis.” E também disse: “O poder das pessoas é muito mais forte do que as pessoas no poder”.
As marcas e a transparência
Morgan Spurlock, o autor do filme SupersizeMe, foi direto ao ponto transparência. Sua nova empreitada que vai sacudir o mercado publicitário, que não é o que se pode chamar de grande exemplo de transparência… A ideia foi criar um filme chamado “The greatest movie ever sold”, ou o “maior filme já anunciado”. O objetivo foi fazer um filme cujo único propósito era anunciar o próprio filme. Uma grande sacada. Ele foi atrás de marcas para ajudar a financiar, mas obviamente ninguém topou. É claro que durante todo o processo, Spurlock abusou do bom humor para mostrar como funciona o mundo da publicidade. Hoje, em média, uma pessoa recebe cerca de 1500 mensagens publicitárias por dia (procurei estudos sobre isso, quem quiser pode me pedir a fonte que variavam entre 800 a 3000 mensagens por dia – fiquemos na média). Faz-se de tudo para chamar a atenção para uma marca, muitas e muitas vezes prometendo aquilo que não pode ser cumprido… Spurlock disse que tem esperança que seu filme faça com que as companhias pratiquem mais a transparência, um elemento que ele disse ter sentido falta em suas viagens pelos Estados Unidos na produção.
Spurlock e sua nova empreitada: uma balançada no mercado publicitário
No mesmo bloco de Spurlock, coincidentemente ou não, falaram dois executivos responsáveis por grandes empresas, Indra Nooyi, da PepsiCo, e Bill Ford, da Ford. Bill Ford estava mais à vontade do que Indra, mas só no início da palestra. Bill mostrou que a Ford está sim preocupada com o impacto ambiental dos carros, mas partiu da premissa que o número de carros não vai deixar de crescer exponencialmente. Fiquei um pouco frustrado. Achei que ele apresentaria opções para um transporte mais eficiente e não apenas para carros mais eficientes. Segundo ele, temos hoje 800 milhões de carros, número que saltará para algo entre 2 e 4 bilhões em 2050. Assustador.
Indra perdeu uma grande oportunidade também ao focar demasiadamente no seu negócio. Ironicamente, ela começou dizendo que fez uma pesquisa e descobriu que apenas um pequeno percentual dos palestrantes do TED eram CEOs e que achava isso curioso e cuja explicação pode ser o fato de que os CEOs em geral não são confiáveis. Então, começou a falar (bem) sobre sua visão de negócio, sobre como uma grande empresa pode contribuir com o mundo e conquistar confiança dos consumidores desta maneira . E aí no segundo terço em diante, a palestra desandou. Indra se pôs a falar do Pepsi Refresh, um projeto muito bacana, mas que não tem nada a ver sobre a reinvenção do negócio em busca de sustentabilidade.
A plateia do TED não gostou nem ao vivo e nem nas redes sociais. Muitos criticaram a visão excessiva do produto. Eu fiquei particularmante incomodado com a visão onipresente da marca Pepsi nos slides. Enquanto muitas pessoas estão lá falando de projetos incríveis de vida ou da construção de um mundo melhor, o foco excessivo em um projeto de uma marca não caiu bem. No último bloco, num primor de transparência e abertura ao feedback, Chris Anderson deu espaço para que as pessoas fizessem falas de feedback de 1′. Uma delas foi dirigida à Ford e outra a Indra. A crítica à Ford foi a que mencionei (falta de visão do todo) e a da PepsiCo foi mais dura. No lugar de chamar a atenção para a reinvenção do processo produtivo, ao expor a marca em demasia, Indra atraiu a antipatia das pessoas. Então alguém disse que por mais que falasse bem da marca, não tinha como amenizar o fato de que a PepsiCo vendia água açucarada para as crianças.
Críticas à Pepsi: água açucarada para crianças
O caminho: diálogo
A mensagem foi mesmo dura, até radical, mas o ponto nem é este. O ponto é que as marcas e empresas ainda estão aprendendo a lidar neste mundo. O fato de um CEO do porte da Pepsi não entender como fazer uma fala em um evento de vanguarda como o TED mostra uma certa desconexão com o momento. E até explica porque não há tantos CEOs por lá. Será pelo fato de não falarem a mesma língua? A cobrança e interação das pessoas será cada vez maior. Definitivamente não será fácil a vida das grandes marcas daqui para frente se não conseguirem provar sua relevância.
O importante, principalmente para as marcas, é manter o diálogo. Depois de sua fala, o documentarista Spurlock ainda disse ao Huffington Post, que acredita que a transparência será algo cada vez mais necessário frente à vontade de as pessoas em saberem e trocarem mais informações via redes sociais. E de novo caímos no tema redes sociais e web. A crescente procura por transparência está crescendo graças à web e ao momento da civilização. Um site como o Wikileaks não existiria se não fosse tão fácil espalhar informações. As revoluções no Oriente Médio têm muto de sua força e rapidez graças à troca de informações. Apesar de ainda não ser livre e transparente em todos os lugares, como na China, por exemplo, de onde veio um vídeo gravado por Ai Weiwei, artista dissidente chinês cujo nome foi banido dos serviços de busca na web chinesa.
Ai Weiwei fez uma das reflexões mais profundas, que toca diretamente também no tema da transparência. Sobre sua situação e de outros na China, ele disse que as nações ocidentais estão tolerando aquilo que está acontecendo. “É uma visão curta. (…) Todo o sistema está se tornando corrupto e nossa sociedade está sacrificando o meio-ambiente, nossa cultura, para se tornar rica.” A frase de Ai Weiwei traz muitas reflexões. Uma delas pode ser a própria capa da Wired que está nas bancas neste mês, questionando o modelo de produção chinês para produzir gadgets como iPods e iPads, entre outros. A revista questiona qual a responsabilidade de cada um neste processo e se já não é hora de olhar mais a sério para isso.
Wired e a capa polêmica: você deve se preocupar?
Vício de jornalista, fui conversar com o outro lado, um amigo chinês que fiz lá em Palm Springs. Professor de universidade importante, intelectual, não bateu palmas ao final do vídeo gravado clandestinamente por Ai Weiwei e enviado ao TED. Aquilo me intrigou e mais tarde, em uma festa de confraternização da conferência, fui perguntar a opinião dele sobre o vídeo. Com semblante sério, disse que não gostou de ver “roupa suja sendo lavada em público”. Segundo ele, o governo chinês está fazendo tanta coisa, tirando tanta gente da miséria, que achava melhor dar crédito e tratar estas questões internamente antes de expôr o país nesta situação. Confesso que fiquei surpreso com esta reação, que carrega um sentimento de patriotismo maior até que a causa da liberdade de expressão. Respeito, mas acho difícil entender.
Países como a China abusam dos filtros na internet, mas eles não estão presentes apenas nas escolhas de agentes do governo. Eli Pareser, autor do livro “The Filter Bubble” fez uma fala bastante intrigante sobre este assunto. Segundo ele, os algoritmos que filtram as buscas do Google, Yahoo ou de qualquer outro serviço que apresente informações a seu pedido ou não, estão filtrando a realidade, escondendo informações desconfortáveis. “Os algoritmos não tem a mesma ética que os editores. Nós precisamos que os editores de informações coloquem um senso de responsabilidade nos algoritmos”, disse. “Eles mostram o que queremos ver e nem sempre o que precisamos ver.” Numa época em que se vive a busca por maior transparência, sem nem mesmo sabermos onde isso vai nos levar, não será surpresa a emergência de realidades mais cruas. É o que Morgan Spurlock falou em relação à transparência das marcas e o que começou a explorar em SupersizeMe e agora irá mais fundo no novo documentário. O mundo está cada vez mais em ON e com a definição de telas HD. Está cada vez mais difícil esconder as coisas.
Enquanto continua o processo digestivo das falas do TED (que às vezes duram meses!), aí vai a cobertura completa via twitter (em português e inglês). Está cheia de links para os principais momentos das palestras. Quem tiver paciência, vai garimpar muita coisa boa. E quem não tiver, em breve vou começar a colocar aqui alguns posts com os assuntos “curados” com o que achei de conexões e relevância.
Wadah Khanfar, da Al Jazeera. “Uma nova geração conectada e inspirada por valores comuns criou 1 nova realidade p/ nós. Uau! #TEDTue Mar 01 2011 12:25:19 (PST) via TweetDeck
Doodling (ou ficar escrevendo no papel em reuniao chata!) é uma ferramenta p/ resolver problemas ou fixar conhecimento. Sunni Brown. #TEDTue Mar 01 2011 14:47:00 (PST) via TweetDeck
500 pessoas, 32 diferentes países, 160 organizadores de TEDx em Palm Springs assistindo o #TED em transmissão ao vivo. Estranho, mas legal.Tue Mar 01 2011 14:53:37 (PST) via TweetDeck
Bom-dia, boa tarde! Aí vamos nós para o dia 2 do #TED. Antonio Demasio no palco para falar de wonder and mistery of conscious minds.Wed Mar 02 2011 08:40:09 (PST) via TweetDeck
Morgan Spurlock mostrando aos publicitários o filme q ele queria fazer s/ publicidade. A cara de pavor da turma diz muito 😉 #TEDWed Mar 02 2011 11:48:21 (PST) via TweetDeck
“transparency is scary, unpredictable and also very risky” Morgan Spurlock s/ publicitários q não queriam participar do novo filme #TEDWed Mar 02 2011 11:51:33 (PST) via TweetDeck
Cars and environment will ever be in harmony? Bill Ford em fala pouco inspiradora no #TED O problema dos carros é quase insolúvel.Wed Mar 02 2011 12:28:08 (PST) via TweetDeck
Bill Gates` session is about backing to basics – understanding the universe, development patterns, eradicating diseases. Important. #TEDWed Mar 02 2011 15:06:31 (PST) via TweetDeck
TEDNews Salman Khan: Learn math the way you learn everything; fall of the bicycle. We encourage you to failure, but we do expect mastery. #TEDWed Mar 02 2011 15:44:27 (PST) via webRetweeted by rodrigocvc and 22 others
TEDNews On JR: “By removing himself and building trust, he enables the ppl he is photographing to reveal their true self…what it means to be human.”Wed Mar 02 2011 18:01:27 (PST) via webRetweeted by rodrigocvc and 7 others
TEDNews JR on Kibera: “But we didn’t use paper, because paper doesn’t prevent the rain from leaking inside the house. Vinyl does.” #TEDWed Mar 02 2011 18:18:55 (PST) via webRetweeted by rodrigocvc and 7 others
TEDNews Ai Weiwei at #TED: This whole system has become corrupted, and our society is sacrificing our environment, our culture, to become rich.Thu Mar 03 2011 12:19:28 (PST) via webRetweeted by rodrigocvc and 35 others
como reinventar algo que está aí há 5 mil anos. A seda pode ser usada para substituir ossos, sensores, hologramas, tattoos #TED FOmenettoThu Mar 03 2011 14:24:18 (PST) via TweetDeck
Christina Lampe-Onnerud, CEO da Boston-Power: “não estamos aqui para reclamar do aquecimento global. Estamos aqui para consertar” #TEDThu Mar 03 2011 15:20:25 (PST) via TweetDeck
Agora a artista e tecnóloga Kate Hartman. Ela se diz interessada em saber como as pessoas se comunicam > katehartman.comThu Mar 03 2011 18:01:21 (PST) via TweetDeck
“O que estamos fazendo é pegar uma galinha, modificá-la e transformá-la em ‘galinhassauro’. É uma galinha mais legal.”#TED Jack Homerabout 24 hours ago via TweetDeck
as Darwin said.RT @brainpicker: “Evolution doesn’t favor the smartest, it favors those best adapted to their environment.” H Fineberg #TEDabout 23 hours ago via TweetDeck
playing god? RT @TEDNews: H Fineberg “neo-evolution: the new evolution that is not simply natural, but guided and chosen by us” #TEDabout 23 hours ago via TweetDeck
“Será que conseguiremos desenvolver a sabedoria para fazer as escolhas certas sobre nossa evolução?” Harvey Fineberg#TEDabout 23 hours ago via TweetDeck
Agora Stanley McChrystal, ex-comandantedas forças americanas e internacionais no Afeganistão #TEDabout 23 hours ago via TweetDeck
TEDNews McChrystal: “You can get knocked down, and it will hurt. But if you’re a leader, the people you’ve counted on will help you out.” #TEDabout 23 hours ago via webRetweeted by rodrigocvc and 23 others
TEDNews From TEDActive, a comeback to Indra Nooyi: “Thanks for improving the culture of Pepsi… But you’re still selling sugar water to kids.” #TEDabout 21 hours ago via HootSuiteRetweeted by rodrigocvc and 22 others
muito interessante o espaço q o #TED dá p/ as críticas aos palestrantes. Pepsi e Ford vão ter repensar algumas coisas…about 21 hours ago via TweetDeck
“se vc quiser mesmo redescobrir o encantamento, vc tem que pular fora da ideia de estar sempre certo” – kathryn schulz#TEDabout 21 hours ago via TweetDeck
“olhe para a vastidão e complexidade do universo e tenha a coragem de dizer ‘não sei’ ou ‘talvez eu esteja errado”#kathryn schulz #TEDabout 21 hours ago via TweetDeck
World Peace Game é uma simulação política em que os jogadores veem a interdependência da comunidade global – John Hunter #TEDabout 21 hours ago via TweetDeck
John Hunter diz no jogo: “desculpem meninos e meninas, nós deixamoso mundo em um estado tão ruim que vcs terão que consertar “#TEDabout 21 hours ago via TweetDeck
Acabou o #TED pessoal, valeu pela audiência, RTs e #FFs Foi legal interagir com vcs por aqui e compartilhar estas ideias incríveis. Até!about 20 hours ago via TweetDeck